O culto que não cultua a Deus
Por vezes pensamos que não há nenhuma dificuldade ou problema com
respeito à liturgia utilizada nos cultos dos nossos dias, pois achamos
que tudo aquilo que se está oferecendo a Deus, Ele aceitará, desde que
seja feito com sinceridade e zelo. Este falso entendimento mostra que
somos uma geração ignorante quanto a forma bíblica de cultuar a Deus.
Não nos ocorre que Deus estabeleceu para o culto coisas que lhe
agradam, e explicitou outras que não lhe agradam. Portanto, se quisermos
que nosso culto seja aceitável precisamos submetê-lo a revelação
divina. Se a Palavra de Deus aprovar, podemos ficar tranqüilos e
perseverar em nossa atitude. No entanto, se ela desaprovar, humildemente
devemos reconhecer diante de Deus o nosso erro e retornar ao princípio
bíblico que Deus estabeleceu. Ele espera isso de todos nós.
Não podemos esquecer, que mesmo quando o verdadeiro Deus é adorado,
podem existir problemas que tornam está adoração desagradável e mesmo
inaceitável para Ele. Isto é o que podemos chamar de “cultuar de forma
errada o Deus verdadeiro ou praticar o culto que não cultua a Deus”.
Existem formas de culto que em vez de agradar a Deus o entristece: “as
vossas solenidades, a minha alma aborrece; já me são pesadas; estou
cansado de as sofrer” (Is.1:14).De acordo com Isaías 1:10-17, a maior
queixa contra o povo é que este desobedecia continua e abertamente ao
Senhor, mas continuava a lhe oferecer sacrifícios e ofertas, cultuando
como se nada tivesse acontecido, como se fosse o povo mais santo da
terra. Deus diz que aquilo era abominável (v.13), porque ele não podia
“suportar a iniqüidade associada ao ajuntamento solene”.
O povo vinha até a presença de Deus, cultuava mas não mudava de vida.
Apresentava-se diante de Deus coberto de pecados e sem arrependimento,
pensando, talvez, que bastava cumprir os rituais e tudo estaria
resolvido. Esse povo aparentemente participava com animação de todos os
trabalhos religiosos, fossem festas, convocações, solenidades etc. E
ainda era um povo muito dado à oração. Uma oração altamente emotiva,
pois eles “estendiam as mãos” e “multiplicavam as orações” (v.15). Mas
Deus disse que em hipótese alguma ouviria, pois eram mãos contaminadas
e, certamente, orações vazias. Eram hipócritas.
O culto hipócrita que foi denunciado era causado pelo apego a mera
formalidade, aos ritos, sem correspondência interior. Por fora tudo
estava correto, mas interiormente essas ações litúrgicas não eram
expressões de um coração agradecido. Era por essa razão que aquele culto
se tornava uma coisa abominável ao Senhor. Assim o Senhor condenou o
povo de Israel pela boca do profeta Isaías, dizendo: “este povo se
aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o
seu coração está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em
mandamentos de homens, que maquinalmente aprendeu…” (Is.29:13). Ou seja,
o que está nos lábios é correto, mas as motivações do coração são
erradas. No fundo, todas essas expressões hipócritas não passam de atos
mecânicos. São invenções humanas que não se importam com a vontade de
Deus. O resultado final, é que o formalismo, associado à corrupção
doutrinária, produzira um tremendo desvio do Senhor e um afastamento do
verdadeiro culto que devemos a Deus. Infelizmente, esse é o tipo de
culto que temos atualmente em grande parte das igrejas cristãs, um culto
mecânico que desonra Deus, pois, não demonstra amá-Lo de todo coração,
de toda alma, com todas as forças e com todo entendimento (Lc.10:27).
Com propriedade, podemos dizer que esse é um culto que não cultua a
Deus.
Jamais podemos nos esquecer que qualquer tipo de adoração não serve
para Deus. Há maneiras corretas e outras erradas de se adorar a Deus.
Convém aprender a maneira correta. Um culto oferecido a Deus de forma
hipócrita, sem honrar a palavra, que perverte o uso dos elementos de
culto, que é feito de forma mecânica, que não oferece o melhor ou que
não vem acompanhado de uma vida santa, não pode agradar a Deus, NEM PODE
SER CHAMADO DE UM CULTO QUE CULTUA A DEUS.
Deus não se agrada de tudo o que fazemos supostamente em seu nome,
por isso devemos ser obedientes a Ele e descobrir o que realmente lhe
agrada. Precisamos evitar procedimentos e costumes que inventamos, por
melhores, mais atrativos e práticos que pareçam.
Portanto, podemos concluir afirmando, sem medo de errar, que todas as
práticas absurdas encontradas nos cultos dos nossos dias, tais como: palmas
para Jesus, apelos, danças, gargalhadas santas, cair no espírito, cuspe
santo, cânticos em línguas, urros, amarrar, desamarrar, representações
teatrais, curas, libertações, interromper o culto para cumprimentar os
irmãos ou visitantes, luzes coloridas etc. se originaram de pessoas que
não se deixaram guiar pela Bíblia, mas antes foram atrás de seus
próprios raciocínios e de sua própria vontade (praticam o culto da
vontade, onde a adoração é uma questão de gosto e conveniência). Se
quisermos agradar a Deus nunca podemos negligenciar a Bíblia. A Palavra
de Deus é a verdade (Jo.17:17) e obedecê-la é o melhor culto que
poderíamos oferecer ao Senhor.
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