O Sagrado Magistério da Santa Igreja, no Concílio Vaticano II, apontou a
Santíssima Virgem como MODELO DE VIRTUDES. O Concílio afirmou que os
fiéis “continuam ainda a esforçar-se por crescer na santidade, vencendo o
pecado; por isso levantam os olhos para Maria que refulge diante de
toda a comunidade dos eleitos como modelo de virtudes.” (LG 65)
Na mesma, Santa Afonso de Ligório, doutor da Santa Igreja, afirma que a
Santíssima Virgem é modelo não de algumas, mas de TODAS as virtudes:
“Poucas particularidades registram os evangelistas, quando falam das
virtudes de Maria. Entretanto, chamando-a “cheia de graças” nos fazem
saber, bem claramente, que ela teve todas as virtudes em grau heróico.
De modo que, diz. S. Tomás, enquanto os demais santos sobressaiam, cada
um em alguma virtude particular, foi a Bem-aventurada Virgem
extraordinária em todas e de todas nos foi dada como modelo.” (“Glórias
de Maria”, Tratado 3)
O Catecismo da Igreja Católica se refere à perfeição da vida da
Santíssima Virgem que afirma que “Maria permaneceu também pura de todo
pecado pessoal ao longo da vida.” (Catecismo da Igreja Católica, 493) Ou
seja: preservada do pecado original em vista dos méritos de Nosso
Senhor Jesus para poder gerá-lo em Seu Ventre Imaculado (Catecismo da
Igreja Católica, 490-493), Ela passou a vida inteira sem cometer um
único pecado! Nela inexistia a concupiscência, ou seja, a tendência que
todos temos para fazer o mal e que é consequência do pecado original
(Catecismo da Igreja Católica, 415). Porém, permanecia Nela a liberdade
de praticar o bem ou mal. Cabe lembrar que Lúcifer, Adão e Eva não
possuíam a concupiscência, e mesmo assim pecaram; a Santíssima Virgem,
não!
Se a Santíssima Virgem é para nós modelo da perfeição a qual Nosso
Senhor nos chama, cabe a nós Imitá-la em suas virtudes, dentro do nosso
estado de vida. Santo Afonso de Ligório fala na “imitação de suas
virtudes”, como “o maior obséquio que lhe podemos ofertar.” (“Glórias de
Maria”, Tratado 3, introdução)
Neste pequeno estudo, é apresentada uma compilação do que a Santa Igreja
crê à respeito das principais virtudes da Santíssima Virgem, com base
nas palavras do Concílio Vaticano II, de Santo Afonso Maria de Ligório,
de São Luis Maria Montfort, do saudoso Papa João Paulo II, do saudoso
Papa Paulo VI e de Pe. Raniero Cantalamessa (pregador da Casa
Pontifícia).
• Modelo de Fé
“Maria, durante a pregação de seu Filho, recolheu as palavras com que
Ele, exaltando o reino acima das razões e vínculos de carne e do sangue,
proclamou bem-aventurados os que ouvem e observam a Palavra de Deus (Mc
3,35; Lc 11,27-28), como Ela fazia fielmente (Lc 2,19 e 51). Assim,
também a bem-aventurada Virgem avançou no caminho da fé, e conservou
fielmente a união com seu Filho até a cruz.” (Concílio Vaticano II –
Lumen Gentium 58)
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“A bem-aventurada Virgem, assim como é Mãe do amor e da esperança,
também é Mãe da fé. (…) O dano que Eva com sua incredulidade causou,
Maria o reparou com sua fé. (…) Dando Maria seu consentimento à
Encarnação do Verbo, abriu aos homens o paraíso por sua fé. (…) Por
causa desta fé, proclamou-a Isabel bem-aventurada: E bem-aventurada tu,
que creste, porque se cumprirão as coisas que da parte do Senhor te
foram ditas” (Lc 1,45). Porque abriu seu coração à fé em Cristo, é Maria
mais bem-aventurada do que por haver trazido no seio o corpo de Jesus
Cristo. (…) Maria ficou firme na sua jamais abalada fé na divindade de
Cristo. (…) Assim Maria – conclui S. Alberto Magno – exercitou a fé por
excelência; enquanto até os discípulos vacilaram em dúvidas, ela
afugentou toda e qualquer dúvida. (…) Exorta-nos S. Agostinho a vermos
as coisas com olhos cristãos, isto é, à luz da fé. S. Teresa dizia que
todos os pecados nasceu da falta de fé.” (Santo Afonso de Ligório, em
“Glórias de Maria”, Tratado 3, IV)
“Maria precedeu-nos na via da fé: crendo na mensagem do anjo, Ela é a
primeira a acolher, e de modo perfeito, o Mistério da Encarnação.” (Papa
João Paulo II, em sua catequese de 25/11/1995)
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“Também Maria fez uma pergunta ao anjo: “Como será isso, se não conheço
nenhum homem?” (Lc 1,34), mas com uma atitude bem diferente da atitude
de Zacarias. Ela não pede uma explicação para entender, mas para saber
como executar o plano de Deus. Quer saber como deve portar-se, como deve
fazer, pois ainda não conhece homem. Desta maneira, ela nos mostra que,
em alguns casos, não é lícito querer entender a todo custo a vontade de
Deus, ou o porquê de algumas situações aparentemente absurdas; é porém
lícito pedir a Deus a luz e a ajuda para cumprir essa vontade. (…) O
Concílio Vaticano II fez-nos um grande Dom ao afirmar que também Maria
caminhou pela fé, aliás, “avançou em peregrinação de fé”, isto é,
cresceu e aperfeiçoou-se nela. (…) A fé, juntamente com sua irmã, a
esperança, é a única coisa que não começa com Cristo, mas com a Igreja, e
por isso, com Maria, que é seu primeiro membro na ordem do tempo e da
importância. O Novo Testamento nunca atribui a Jesus a fé (…). A fé é um
relacionamento entre Deus e o homem, como de pessoa para pessoa; mas
Jesus é Deus e homem na mesma pessoa; como poderia, pois, haver nele a
fé? Ele é a pessoa mesma do Verbo que não pode relacionar-se com o Pai,
através da fé, porque se relaciona com ele através da natureza, sendo
“Deus e Deus, luz da luz.” (Pe. Raniero Cantalamessa, em “Maria, um
espelho para Igreja”, p. 33-41)
• Modelo de esperança
“Da fé nasce a esperança. (…) Possuindo Maria a virtude da fé por
excelência, teve também, por excelência, a virtude da esperança. (…) Não
confiava nem nas criaturas, nem nos próprios merecimentos, mas só
contava com a graça divina, na qual estava toda sua confiança. (…)
Mostrou, de fato, a Santíssima Virgem quanto lhe era grande essa
confiança em Deus, primeiramente ao ver a perplexidade de S. José, seu
esposo, que, ignorando a misteriosa maternidade de sua esposa, pensava
em deixá-la. (…) Provou ainda sua confiança em Deus quando, próxima ao
parto, se viu em Belém, expulsa até da hospedaria dos pobres, e reduzida
a dar à luz numa estrebaria. (…) Igual confiança mostrou também na
Providência quando S. José a avisou de que era necessário fugir para o
Egito. Ainda na mesma noite, partiu para a longa e penosa viagem a um
país desconhecido, sem provisões, sem dinheiro e sem outro
acompanhamento serão do Menino Jesus e de seu pobre esposo. (…) Melhor
ainda demonstrou, porém, sua confiança, quando pediu ao Filho o milagre
do vinho em favor dos esposos de Caná.” (Santo Afonso de Ligório, em
“Glórias de Maria”, tratado 3, V)
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“Esteve junto da cruz “em esperança”. (…) Partilhou com o Filho não só
da morte, mas também a esperança da ressurreição. (…) No Calvário ela
não é só “Mãe das Dores”, mas também “Mãe da esperança”, “Mater Spei”,
como o invoca a Igreja num de seus hinos. (…) Se Isaac era figura de
Cristo, Abraão que o leva para imolar é figura de Deus Pai no Céu, e de
Maria na terra. São Paulo afirma que, nessa oportunidade, Abraão
“acreditou esperando contra toda esperança” (Rm 4,18). O mesmo deve-se
dizer, com maior razão, de Maria junto da cruz: ela acreditou esperando
contra toda esperança. Esperar contra toda esperança significa: “sem ter
nenhum motivo de esperança, numa situação humanamente de total
desesperança e em total contraste com a promessa, continuar esperando
unicamente por causa da palavra de esperança por Deus.” (Pe. Raniero
Cantalamessa, em “Maria, um espelho para Igreja”; p.99-100)
• Modelo de amor a Deus
“Quanto mais um coração é puro e vazio de si mesmo, tanto mais cheio é
de caridade para com Deus. Assim Maria, sendo sumamente humildade e
vazia de si, foi cheio divino amor e nesse amor excedeu a todos os anjos
e homens (…). Com razão, a chama S. Francisco de Sales Rainha do Amor.
(…) Deu o Senhor aos homens o preceito: “Amarás ao Senhor, teu Deus, de
todo o teu coração.” (Mt 22,37) (…) Na opinião de S. Alberto Magno,
semelhante preceito, por ninguém cumprido com perfeição, de certo modo
teria sido indecoroso ao Senhor, que o decretou, se não houvesse
existido sua santa Mãe que o cumpriu perfeitamente. (…) Quem como ela
cumpriu o preceito de amar a Deus de todo o coração? Tão intenso era-lhe
o incêndio de amor divino, que não restava lugar para menor
imperfeição. (…) Até os serafins, exclama Ricardo, podiam descer do céu
para aprender no coração de Maria a maneira de se amar a Deus. (…) Sobre
isso apóia-se o pensamento de S. Bernardino de Sena, de que Maria nunca
foi tentada pelo inferno. Eis suas palavras: assim como de um intenso
fogo fogem as moscas, assim do coração de Maria, fogueira de caridade,
eram expulsos os demônios, de modo que nem tentavam aproximar-se dele.
Lemos o mesmo pensamento em Ricardo, de S. Vítor: Os príncipes das
trevas de tal maneira temiam a Virgem Santíssima, que nem ousavam
chegar-se para tentá-la, porque as chamas de sua caridade os
afugentavam. Maria revelou a S. Brígida que no mundo nunca teve outro
pensamento, outra desejo, outra alegria, senão Deus. (…) Maria não vivia
repetindo atos de amor, à maneira dos santos; mas, por singular
privilégio lhe foi a vida um ato único e contínuo de amor de Deus. (…)
Maria não tem maior desejo, do que ver amado seu dileto Filho, que é
Deus.” (Santo Afonso de Ligório, em “Glórias de Maria”, Tratado 3, cap.
II)
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• Modelo de amor ao próximo
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“O amor para com Deus e para com o próximo nos é imposto pelo mesmo
preceito. (…) Como nunca houve, nem haverá quem ame a Deus mais do que
Maria, tão pouco nunca houve, nem haverá quem mais do que ela ame ao
próximo. (…) Passou Maria uma vida tão cheia de caridade que socorria
aos necessitados, ainda quando não lhe pediam solícito auxílio. Assim o
fez, por exemplo, nas bodas de Caná. (…) Mais brilhante prova dessa
grande caridade não nos pôde dar, do que oferecendo seu Filho à morte
pela nossa salvação. Tanto amou o mundo, que para salvá-lo, entregou a
morte Jesus. (…) Não diminuiu esse amor de Maria para conosco, agora que
nos céus se encontra.” (Santo Afonso de Ligório, em “Glórias de
Maria”, Tratado 3, cap. III)
• Modelo de obediência
“Quando da embaixada de S. Gabriel não quis tomar outro nome senão o de
escrava. “Eis aqui a escrava do Senhor.” Como efeito, testemunha S.
Tomás de Vilanova, essa fiel escrava do Senhor nunca a contrariou, nem
por ações, nem por pensamentos. Obedeceu sempre e em tudo a divina
vontade, completamente despida de toda vontade própria. (…) Por sua
obediência, reparou Maria o dano causado pela desobediência de Eva. (…) A
obediência de Maria foi muito mais perfeita que a de todos os santos.
(…) Todos os homens sendo inclinados ao mal por causa do pecado
original, sentem dificuldades na prática do bem. Mas tal não se deu com a
Santíssima Virgem. Isenta da culpa original, nada tinha que a impedisse
de obedecer a Deus. (…) Maria demonstrou sobretudo sua heróica
obediência à divina vontade, quando ofereceu o Filho à morte. Na
grandeza de sua constância, dizem o Vulgato Idelfonso e S. Antonino,
estaria disposta a crucificá-lo, se houvessem faltado os algozes. (…) À
exclamação da mulher que o interrompia com as palavras: “Bem-aventurado o
ventre que te trouxe e os peitos que te amamentaram”, respondeu o
Salvador: “Antes, bem aventurados aqueles que ouvem a palavra de Deus e a
põem em obra (Lc 11,27-28) Maria era mais bem-aventurada por sua
obediência a Deus, do que por motivo de sua dignidade como Mãe do
Senhor.” (Santo Afonso de Ligório, em “Glórias de Maria”, Tratado 3,
cap. VIII)
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“É Maria chamada com razão Rainha dos Mártires, visto Ter suportado o
maior martírio que se possa padecer depois das dores do Filho. (…) Para
ser mártir é suficiente sofrer uma dor capaz de dar a morte, ainda em
que realidade não se venha morrer. (…) Para a glória do martírio,
segundo Tomás, basta que uma pessoa leva a obediência ao ponto de
oferecer-se à morte. (…) Vemos por aí que Maria não só foi
verdadeiramente mártir, mas que seu martírio excedeu a todos os outros
por sua duração. Pois que foi sua vida, senão um longo e lento martírio?
(…) A intensidade de seu sofrimento tão aniquiladora foi, que, dividida
por todos os homens, bastaria para fazê-los morrer todos,
repentinamente. (…) Por ocasião do grande sacrifício do Cordeiro
Imaculado, que morria por nós na cruz, poderíamos ter visto dois
altares: um no Calvário, no corpo de Jesus, outro no Coração de Maria.
Enquanto que o Filho sacrificava seu corpo pela morte, Maria sacrificava
sua alma pela compaixão. (…) Quanto mais os santos mártires amavam,
pois, a Jesus, menos sentiam os tormentos e a morte. Bastava-lhes a
lembrança dos sofrimentos de um Deus crucificado para consolá-lo.
Podiam, porém, nossa Mãe dolorosa achar consolo no amor a sei Filho e na
lembrança dos seus sofrimentos? Não; justamente esse padecimento era
todo o motivo da sua maior dor.” (“Glória de Maria”, Tratado 2, cap.I)
“Nas palavras de Simeão, reconhece Maria os pormenores da Paixão de
Jesus. (…) efetivamente, como foi relevado a Sta. Tereza, a bendita Mãe
sabia dos sacrifícios que seu Filho devia fazer da vida para a salvação
do mundo. Mas naquele momento, de um modo mais particular e distinto,
conheceu as penas e a cruel morte, reservadas a seu pobre Filho no
futuro. (…) Recebeu como suma paz a profecia sobre a morte do Filho, e
continuou a sofrer sempre em paz. Mas, vendo sempre diante dos olhos
aquele amável Filho, que dor padeceria então continuamente! (…) Maria
revelou a S. Brigida não ter vivido um momento na terra em que não fosse
dilacerada por essa dor. Sempre que via meu Filho, disse a Virgem,
sempre que o vestia, que lhe olhava as mãozinhas e os pés, abismava-se
novamente minha alma no sofrimento, porque me lembrava da Paixão que o
guardava. (…) Apoiando-se numa revelação de S. Brígida, diz Padre
Engelgrave, jesuíta, que a aflita Mãe sabia de todos os pormenores das
penas preparadas a seu Filho. (…) A Virgem não cessava de oferecer à
Divina Justiça a vida do Filho pela nossa salvação (…). Por aí vemos o
quanto cooperava pelos seus sofrimentos para fazer-nos nascer para a
vida da graça.” (Santo Afonso de Ligório, em “Glórias de Maria”, Tratado
2, cap.II)
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“Há duas maneiras, aqui na terra, de alguém pertencer a outro ou
depender de sua autoridade. São a simples servidão e a escravidão, donde
a diferença que estabelecemos entre servo e escravo. (…) Há três
espécies de escravidão: por natureza, por constrangimento e por livre
vontade. Por natureza, todas as criaturas são escravas de Deus. (…) Os
demônios e os réprobos são escravos por constrangimento; e os juntos e
os santos são por livre e expontânea vontade. A escravidão voluntária é a
mais perfeita, a maios gloriosa aos de Deus, que olha o coração, que
pede o coração e quem é chamado o Deus do coração ou da vontade amorosa,
porque, por esta escravidão, escolhe-se sobre todas as coisas, a Deus e
seu serviço, ainda quando não o obriga a natureza. (…) Conforme o
exemplo do próprio Jesus Cristo, que, por nosso amor, tou a forma de
escravo, e da Santíssima Virgem, que se declarou escrava do Senhor (Lc
1,38) O apóstolo honra-se várias vezes em suas epístolas com o título de
“servi christi”. A Sagrada Escritura chama muitas vezes os cristãos de
“servi Christi”, e esta palavra “servus”, conforme observação acertada
de um grande homem, significava, outrora, apenas escravo, pois não
existiam servos como os de hoje.” (São Luis Montfort, em “Tratado da
Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, 69-72)
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“Ao proclamar-se “Escrava do Senhor”, deseja empenhar-se em realizar
pessoalmente, de modo perfeito, o serviço que Deus espera de todo Seu
povo.” (Papa João Paulo II, em sua Catequese de 07/09/1996)
• Modelo de pobreza
“Com a herança de seus pais, teria ela podido viver folgadamente, como
prova S. Pedro Canísio. Preferiu ela no entanto ser pobre, muito pouco
reservando para si e o mais distribuindo em esmolas ao templo e aos
pobres. Afirmam muitos autores que a Virgem fez voto de pobreza. (…) Não
ofertou cordeiro, que era o presente dos ricos, imposto pelo Levítico,
mas as duas rolas ou pombas, oferta dos pobres 8Lc 2,24). O que possuía –
disse a Virgem Santíssima a S. Brígida – dei-o aos pobres: só guardei o
indispensável para vestir e comer. (…) Por amor a pobreza, também não
recusou desposar um pobre carpinteiro, qual foi S. José; sustentou-se
por isso com o trabalho de suas mãos, fiando ou cosendo. (…) Os bens
deste mundo não valiam para Nossa Senhora mais do que cisco. Em suma,
ela viveu sempre pobre e pobre morreu. Pois não se sabe que por sua
morte deixasse outra coisa, senão duas pobres vestes a duas mulheres que
a tinham assistido durante a vida, como referem Nicéforo e Metafrasto.”
(Santo Afonso de Ligório, em “Glórias de Maria”, Tratado 3, cap. VII)
• Modelo de castidade
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“Ela, com razão, é chamada Virgem das virgens, lemos em S. Alberto; e
isso porque sem conselho, nem exemplo de outros, foi a primeira a
oferecer sua virgindade a Deus, dando-lhe assim as outras virgens que a
imitaram. (…) Maria com sua só presença insinuava a todos pensamentos e
afetos de pureza. Isso só confirma as palavras de S. Tomás: A beleza da
Santíssima Virgem despertava em quantos a viam o amor à pureza. S.
Jerônimo é do parecer que S. José conversou a virgindade pela companhia
de Maria. (…) A Santíssima Virgem era tão amante dessa virtude que para
conservá-la, estaria pronta a renunciar a dignidade de Mãe de Deus.”
(Santo Afonso de Ligório, em “Glórias de Maria”, Tratado 3, cap. VI)
• Modelo de humildade
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“Sem humildade, não há virtude que possa existir numa alma. (…) Assim
como Maria em todas as virtudes foi a primeira e mais perfeita discípula
de Jesus Cristo, o foi também na humildade. Por ela mereceu ser
exaltada sobre todas as criaturas. (…) Embora se visse mais enriquecida
de graças que os outros todos, nunca ela se julgou acima de que quer que
fosse. Ao contrário, teve sempre modesta opinião de si mesma. (…) O
humilde conceito de si mesma foi o encanto com que Maria prendeu o
coração de Deus. Não podia, é claro, a Santíssima Virgem julgar-se uma
pecadora. Pois na frase de S. Tereza, a humildade é a verdade, e Maria
tinha consciência de nunca ter ofendido a Deus. Não é também que
deixasse de confessar a preferência com que Deus lhe concedera maiores
favores do que as demais criaturas. Para humilhar-se ainda mais,
reconhece o coração do humildade as singulares dádivas do Senhor. A
nítida compreensão da infinita grandeza e dignidade de Deus, porém,
aprofundava na Virgem o conhecimento da própria pequenez. (…) Vendo-se
uma mendiga revestida de custosas vestes, que lhe foram dadas, não se
envaidece, mas antes se humilha ao contemplá-las diante de seu
benfeitor. Justamente essa presença fá-la recordar sua pobreza. Assim a
Virgem quanto mais enriquecida se via, mais se humilhava, Lembrava-se,
sem cessar, de que tudo aquilo era dom de Deus. (…) Também é efeito da
humildade ocultar os dons celestes. Nem a S. José quis a Senhora revelar
a graça se haver tornado Mãe de Deus. (…) O humilde recusa os louvores
referindo-os todos a Deus. (…) E foi outro talvez seu procedimento
quando Isabel a chamou de bendita entre todas as mulheres e de Mãe do
Senhor? Imediatamente Maria atribui toda a glória a deus respondendo no
seu humildade cântico: Minha alma engrandece ao Senhor. Vale como se
dissesse: Isabel, tu me louvas, porém eu louvo ao Senhor, a quem
unicamente é devida toda a honra. (…) É próprio do humildade prestar
serviços. Maria não se negou a servir Isabel durante três meses. (…) O
humilde gosta de uma vida retirada e despercebida. Maria procedeu de
modo semelhante (…) quando seu Filho pregava numa casa e ela lhe
desejava falar. Não se animou a entrar (Mt 12,46). Ficou de fora e não
confiou o prestígio de mãe, mas evitou de interromper a pregação do
Filho; não entrou por isso na casa onde ele falava. (…) Quis ela tomar o
último lugar, quando estava no cenáculo com os apóstolos. (…) S. Lucas –
na opinião de um autor – os nomeou a todos e por último a Virgem,
segundo o lugar que ocupava. (…) Os humildes amam finalmente os
desprezos. Eis por que não se lê que Maria aparecesse em Jerusalém
Domingo de Ramos, quando seu Filho foi recebido com tanta pompa pelo
povo. Mas, por ocasião da morte de Jesus, não receou comparecer em
público no Calvário, aceitando assim a desonra de se dar a conhecer por
mãe de um sentenciado, que ia sofrer a morte de um criminoso.” (“Glória
de Maria”, Tratado 3, cap.I) “Ciente pela Sagrada Escritura de que Deus
devia nascer de uma virgem, para salvar o mundo (…) desejava alcançar a
vinda do Messias, na esperança de ser a serva daquela feliz Virgem, que
merecesse ser sua mãe. (…) Enquanto Maria em sua humildade nem se
julgava digna de ser a serva da Divina Mãe, foi ela mesma a eleita para
essa sublime dignidade. (…) Ao ser saudada pelo anjo (…), a esta
saudação cheia de louvores, que responde? Nada; não respondeu, mas
pensando na saudação, perturbou-se. (…) Essa perturbação foi causada
unicamente por sua humildade, que absolutamente não podia compreender
semelhantes louvores. (…) Houvesse o anjo declarado que era a maior
pecadora do mundo, e não teria a Virgem se admirado tanto; mas ouvindo
aqueles louvores tão sublimes, se perturbou.” (Santo Afonso de Ligório,
em “Glórias de Maria”, Tratado 1, cap.3 e 4)
“Tão profunda era sua humildade, que, para ela, o atrativo mais
poderoso, mais constante era esconder-se de si mesma e de toda criatura,
para ser conhecida somente de Deus. Para atender aos pedidos que ela
lhe fez de escondê-la, empobrecê-la e humilhá-la, Deus providenciou para
que oculta ela permanecesse em seu nascimento, em sua vida, em seus
mistérios, em sua ressurreição e assunção, passando despercebida aos
olhos de quase toda criatura humana. Seus próprios parentes não a
conheciam; e os anjos perguntavam muitas vezes uns aos outros: Quem é
esta? (Cant 3,6; 8,5) Pois que o Altíssimo lhe escondia; ou, se algo
lhes desvendava a respeito, muito mais, infinitamente, lhes ocultava.
Deus Pai consentiu que jamais em sua vida ela fizesse algum milagre,
pelo menos um milagre visível e retumbante, conquanto lhe tivesse
outorgado o poder de fazê-los. Deus Filho consentiu que ela não falasse,
se bem que lhe houvesse comunicado com sabedoria divina. Deus Espírito
Santo consentiu que os apóstolos e evangelistas a ela mal se referissem,
e apenas no que fosse necessário para manifestar Jesus Cristo. E, no
entanto, ela era a Esposa do Espírito Santo. (…) Ela se ocultou neste
mundo e, por sua humildade profunda, se colocou abaixo do pó, obtendo de
Deus, dos apóstolos e evangelistas não ser quase mencionada.” (São Luis
Monfort, em “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, 2-50)
• Modelo de paciência
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“Deu-nos ele (Deus) a Virgem Maria para exemplo de todas as virtudes,
principalmente a para modelo de paciência. (…) Tal como entre espinhos
viça a rosa, viveu assim entre padecimento contínuos a Mãe de Jesus. Só a
compaixão com as penas do Redentor foi bastante para torná-la mártir da
paciência. Daí a palavra de S. Bernardino de Sena: A crucificada
concebeu o Crucificado. (…) A cerca de espinhos guarda a vinha, e assim
Deus circunda de tribulações a seus servos, para que não se apeguem à
terra. De modo que a paciência nos livra do pecado e do inferno. (…)
Todos os adultos que se salvam devem ser mártires, ou pelo sangue ou
pela paciência.” (Santo Afonso de Ligório, em “Glórias de Maria”,
Tratado 3, cap. IX)
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• Modelo de oração
A Divina Mãe foi, abaixo de Jesus, a mais perfeita na oração, de quantos
tem existido e hão de existir. (…) Para melhor se entregar à oração,
quis encerrar-se no retiro do tempo sendo ainda menina de três anos. Aí,
além das horas destinadas a esse santos exercício, erguia-se te noite e
ia orar antes o altar do templo, como revelou a S. Isabel de Turíngia.
Segundo Odilon de Cluni, visitava mais tarde os lugares do nascimento,
da Paixão e do sepultamento de Cristo, para meditar continuamente nas
dores do seu Filho. A Santíssima Virgem rezava também completamente
recolhida e livra de qualquer distração ou afeto desordenado. (…) Maria
só saia de casa para visitar o templo. (…) Pelo amor à oração e ao
retiro, estava sempre atenta em fugir ao trato com o mundo.” (Santo
Afonso de Ligório, em “Glória de Maria”, Tratado 3, cap.X)
• Modelo de adoradora
“Maria não podia deixar de estar presente nas celebrações eucarísticas,
no meio dos fiéis da primeira geração cristã. (…) Maria é Mulher
Eucarística na totalidade de sua vida. A Igreja, vendo em Maria seu
modelo, é chamada a imitá-la também em sua relação com este mistério
santíssimo. (…) O olhar extasiado de Maria, quando contemplava o rosto
de Cristo recém-nascido e o estreitava em seus braços, não é porventura o
modelo inatingível de amor a que se devem inspirar todas as nossas
comunhões eucarísticas? (…) Impossível imaginar os sentimentos de Maria
aos ouvir dos lábios de Pedro, João, Tiago e restantes apóstolos as
palavras da Última Ceia: “Isto é Meu Corpo que vai ser entregue por
vós.” (Lc 22,19) Aquele corpo, entregue em sacrifício e presente agora
nas espécies sacramentais, era o mesmo corpo concebido no seu ventre!
(…) “Maria viveu a dimensão sacrifical da Eucaristia”. (Papa João Paulo
II, em Ecclesia de Eucharistia, 53-56).
“Maria é modelo, sobretudo,
daquele culto que consiste em fazer da própria vida uma oferenda a
Deus.” (Papa Paulo VI, em “O culto à Virgem Maria”, 21)
SANTA MARIA, ROGAI POR NÓS…