sexta-feira, 15 de junho de 2012

Apostolado Defesa Católica



Remetente: Luciana Alexandra Alves Costa
Data: 18/08/2008
Cidade: Rio de Janeiro / RJ
Idade: 24 anos
Religião: Católica
Profissão: Representante Operacional

Gostaria de saber se o papa irá trazer a missa de sempre para toda a igreja? Meus lideres do Crisma são da Cânção Nova eu não concordo com a Cânção Nova,coloquei no meu orkut um logo tipo Cânção Nova Cânção Nova Câncer Novo um de meus lideres me chamaou atenção devido eu ter colocado este logotipo lá e que eu estava enganada perânte a Cânção Nova, o diacono da minha paróquia me chamou atenção e disse que o PAPA é a favor da Canção Nova e a favor do Concilio Vaticano II e quem está contra o concilio está contra o papa, disse tb que o papa irá assinar documentos que aprovam a Cânção Nova (RCC)e disse que causar uma divisão dentro do mesmo reino é coisa do Diabo, como se eu estivesse causando a tal divisão e não a RCC, mais ele não falou se referindo a mim somente mas tb as pessoas que ele diz está causando esta divisão dentro do mesmo Reino. Criticou as atitudes do prof orlando fedeli no site montfort e disse que ele é contra o concilio vaticano II e portanto é desobediente ao papa.

Que Deus abençõe a todos aguardo anciosa a resposta da minha carta . abraços.

RESPOSTA

Prezada Luciana,
Salve Maria.

Sua oposição à Canção Nova está certíssima. Você faz muito bem em combater essa nova torre de babel que pretende atingir o Céu com histerismos e falsos carismas.

Esse câncer, como você bem rotulou, está destruindo a fé dos católicos. Com uma doutrina importada do protestantismo, a Renovação Carismática fez da Missa uma folia protestante, com bailarinos e padres animadores de calvário.

Com as Missas de “cura e libertação”, os milagres foram reduzidos a meras seções de curandeirismo fictício. Os verdadeiros carismas foram equiparados aos delírios de uma histeria forçada. A fé, como obséquio racional, substituída pela fantasiosa experiência pessoal.
O conhecer racional pelo sentir irracional. Um protestantismo evidente! Só não vê quem não quer.

É claro que seus líderes protestarão afirmando que nada do que dizemos tem valor real, uma vez que os estatutos da Canção Nova foram reconhecidos pelo Papa. E, com base neste reconhecimento pontifício, julgarão oficialmente garantida a ortodoxia do movimento carismático.

Ledo engano.

O reconhecimento pontifício não significa que a RCC não contenha erros contra a Fé. Não é por que o Papa reconheceu os estatutos da Canção Nova que o “blá blá blá” carismático se tornará a língua oficial dos anjos. O carismatismo continuará protestante, mesmo com estatutos aprovados.

Pretender forçar os católicos a engolirem esse movimento, só por causa de uma aprovação estatutária, é muita pretensão desses animadores de calvário.

Na história ocorreram dois fatos semelhantes que são suficientes para esfriar a empolgação dos carismáticos.

No século XIII, o Papa São Pedro Celestino protegeu os hereges Espirituais franciscanos, fundando até mesmo uma ordem para esse grupo herético. Esse grupo, que já havia sido condenado pelos Papas anteriores, acabou recebendo sua grande condenação em 1318, pronunciada pelo Papa João XXII.

Ainda que equivocada, essa aprovação dos Espirituais franciscanos não significou a aprovação de seus erros e heresias.

Caso semelhante ocorreu com o Beato Inocêncio XI que protegeu os hereges quietistas, seguidores de Miguel de Molinos, vindo a condená-los mais tarde.

São dois casos que provam que até mesmo papas santos podem se equivocar quanto à doutrina de um movimento, sem que isso comprometa o dogma da infalibilidade ou a santidade desses Papas.
  
Portanto, sonham os carismáticos se acham que, ao reconhecer os estatutos da Canção Nova, o Papa exerceu um ato infalível. Estão longe da realidade se pensam que a aprovação estatutária de movimentos significa a aprovação de seus erros e doutrinas heréticas.

Chamando-lhe a atenção, o diácono de sua paróquia lhe advertiu que quem é contra o Vaticano II é contra o Papa. É claro que em sua lista de desobedientes não poderia faltar o professor Orlando Fedeli. Por criticarem o Concílio, o professor e a Associação Cultural Montfort seriam desobedientes e causadores de divisão na Igreja.

Se o diácono fosse um pouco mais atento, teria constatado nos Evangelhos que Nosso Senhor também foi causa de divisão entre seus discípulos. Quando ensinou que seu Corpo era verdadeira comida, alguns discípulos se escandalizaram. E, não suportando tal verdade, abandonaram Nosso Senhor. Dividiram-se!

Para decepção dos ecumênicos, Cristo nem sequer buscou reparar a ruptura que causara, convocando os dissidentes para um diálogo fraterno. Deus não dialoga. Ele ensina!
   
E se o próprio Cristo disse: "Eu vim trazer a divisão” (Mt 10,35), é por que nem toda divisão é má, assim como nem toda união é boa.

O pastor que separa as ovelhas sadias das ovelhas sarnentas faz muito bem. O médico que separa os doentes, cuja doença é contagiosa, dos fisicamente saudáveis, age corretamente. Divisões como essas são absolutamente recomendáveis e salutares. Proteger os bons atacando os maus é dever de caridade e não ação diabólica, como pensa o diácono.
 
Coisa do Diabo é pretender unir a Luz católica com as trevas do irracionalismo pentecostal da Canção Nova. Enquanto Nosso Senhor veio para separar a luz das trevas, o diácono quer efetivar essa união irracional?

E não estranhe, cara Luciana, se a Montfort é causa de divisão. É natural que quem imite Nosso Senhor, assim como Ele, também cause separações. E isso acontece por que nem todos aceitam a verdade ensinada pela Igreja.
  
Quanto à acusação de desobediência, o diácono se mostra bem ignorante.

Se ele considerasse todas as autoridades do clero que já
criticaram o Vaticano II – inclusive o próprio Papa Bento XVI – a lista de desobedientes iria muito além do professor Orlando Fedeli.

Ora, se por criticar o Vaticano II a Montfort é desobediente e contra o Papa, o Instituto do Bom Pastor já nasceu desobediente. Por acaso o diácono considera o Papa desobediente por erigir um instituto cuja finalidade é criticar e não respeitar os erros e ambigüidades do Vaticano II? Estaria o IBP contra o Papa, a mando do Papa? Um absurdo que só entra na cabeça de certos líderes de RCC.

Poderia citar, por exemplo, Monsenhor Ranjith, digníssimo Arcebispo Secretário da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, que fez severas críticas à reforma litúrgica. Segundo essa autoridade do Vaticano, a renovação litúrgica errou de rumo, obscurecendo, na Missa Nova, aspectos bem claros na Missa de Sempre (Entrevista dada a Agência Fides).

Será que o diácono que lhe chamou a atenção terá coragem de chamar a atenção de Monsenhor Ranjith, acusando-o de ser desobediente e de promover uma divisão diabólica, ou o próprio Papa, que vê a Missa Nova como um erro de obscurecimento da Fé?

Também o superior do Instituto do Bom Pastor, Padre Laguérie, fazendo uma crítica construtiva ao Vaticano II, acusou esse Concílio de contradizer o Magistério precedente, em matéria de liberdade religiosa. Veja:

“... a liberdade religiosa fez escorrer muita tinta, vós o sabeis, e efetivamente há coisas aparentemente e textualmente contraditórias com o Magistério precedente.”  (Pe. Philippe LAGUÉRIE. Primeiro sermão como Superior do Instituto do Bom Pastor, proferido em 10 de setembro de 2006, apud Orlando FEDELI, “Gloria in excelsis Deo” - criação do Instituto do Bom Pastor. O destaque é nosso).

Estaria o Padre Laguérie em evidente desobediência ao Papa? Obviamente que não. Ele está apenas cumprindo os fins do IBP: criticar o Vaticano II. Coisa que o diácono de sua paróquia não deve aprovar.

Haveria muitas outras autoridades a se citar e que, sem dúvida, não escapariam do índex de desobedientes, criado pelos cegos defensores do Concílio.

Para finalizar, recomendo que você indique ao diácono a leitura do dossiê “Babel Litúrgica”, elaborado pelo jornalista Andrea Tornielli, e que está publicado no próprio site do Vaticano, na parte reservada à Congregação do Clero. Nesse estudo ele verá como a Missa Nova – elaborada pelo maçon Anibale Bugnini – descatolicizou a Missa de Sempre.

Espero tê-la ajudado e, desde já, conte sempre conosco neste combate ao câncer carismático.
In Jesu et Maria, semper
Eder Silva

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